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O Arouca Geopark viu aprovada, por unanimidade, na assembleia-geral dos 140 geoparques da UNESCO a sua proposta de que esses territórios doassem património ao recém-destruído Museu Nacional do Rio de Janeiro. A medida partiu da AGA - Associação Geoparque de Arouca e foi aprovada em Itália, durante o encontro da GGN – Global Geopark Network, a rede que reúne os responsáveis pela gestão dos diferentes territórios com património geológico de relevância internacional reconhecido pela UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura.
“Com esta iniciativa, pretendemos dar um sinal de solidariedade e inteiro apoio ao Brasil, por parte quer de Arouca, quer da GGN enquanto organismo internacional parceiro da UNESCO”, afirma a presidente da Câmara Municipal e da direção da AGA – Associação Geoparque Arouca, Margarida Belém. “Para nós, portugueses, o Brasil é um país-irmão que tem ainda a particularidade de acolher uma grande comunidade arouquense, pelo que este é um gesto simbólico para ajudar a reerguer um museu ímpar no mundo”, acrescenta a autarca, a propósito do equipamento com 200 anos que, no passado dia 2 de setembro, viu destruído num incêndio um acervo com cerca de 20 milhões de peças.
A proposta de Arouca parte do reconhecimento de que os 140 geoparques da UNESCO são detentores de “peças e bens excecionais” pelo que representam um “património geológico ilustrativo da história do planeta” e se encontram, por isso, numa situação privilegiada para ajudar à reconstituição do Museu Nacional do Rio de Janeiro.
O objetivo da medida, agora aprovada, é que cada um dos geoparques da rede ceda, pelo menos, uma peça do seu espólio à instituição brasileira, ajudando assim a constituir novas coleções dos departamentos de Geologia, Botânica, Entomologia, Paleontologia e Antropologia.
Os bens a doar pelo Arouca Geopark ainda não foram selecionados, mas há duas opções que ressaltam como mais emblemáticas do território: as “pedras parideiras”, um fenómeno geológico granítico único no mundo, onde nódulos negros destacam-se da “pedra-mãe” por efeito da erosão; e os fósseis de trilobites, animais marinhos que habitaram mares já inexistentes da Era Paleozoica e que, no território de Arouca, apresentam uma dimensão considerada “gigante”, quando comparada com o normal tamanho encontrado noutras partes do mundo.